PERPLEXIDADE (Comentário)
A opinião internacional está perplexa diante da brutalidade do massacre de alunos da escola municipal de Realengo no Rio de Janeiro. O assassino está morto, portanto não há o espetáculo da investigação policia para provar a autoria e demonstrar a culpabilidade. O assassino está morto, abatido em flagrante delito. A patologia do assassino é pública e notória, explicitada pela correspondência e pelas mensagens desencontradas deixadas por ele próprio . Os gestos de solidariedade à família, de repulsa e de denúncia caem em um grande vazio porquanto o responsável já morreu, suicidou-se. Contra quem protestar? Contra o Estado, pela falta de segurança nas escolas? Contra isso pode-se argumentar que este tipo de ataque é absolutamente novo em toda a história da criminalidade no Brasil. Contra a venda ilegal de armas? Este é outro filão de protestos. Tudo o que se apresentou foi a prisão de dois camelôs que venderam uma arma pertencente a um traficante oculto. Com a maior cara de inocente um dos presos declarou que, se ele soubesse qual a utilização que seria dada ao revólver, não teria vendido a arma ao assassino.Assim desautoriza qualquer relação entre o delito que praticou de venda ilegal de armas e o hediondo massacre do Realengo.
E agora José? Quem será o bode expiatório deste crime que abalou a opinião pública? O mais óbvio é a loucura do próprio assassino. Autismo?, misoginia?, traumas do bowling? adesão ao Islã?, admiração por Bin  Laden? Estes são temas que podem alimentar o noticiário mas não respondem ao porquê desta violência pensada e executada de maneira fria e inexorável. Resta a perplexidade. O que me chama a atenção é a possibilidade de contato instantâneo à distância entre indivíduos, em um espaço livre de qualquer controle institucional, seja de estados nacionais, de movimentos políticos ou religiosos, independente de qualquer constrangimento de ordem moral. Os loucos podem estimularem-se entre si, circular experiências, treinarem-se e solidarizarem-se! O que sobra a nós outros? A perplexidade, a impotência, o esperneio a êsmo. Resta-nos talvez a iniciativa individual desesperada de combater nesse espaço livre de comunicação, esta conexão mundial da morte, falando da vida e do respeito devido a cada pessoa. É muito pouco, só pra não dizer que nós compactuamos com esta monstruosidade!   Bira   

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1 opiniões:

Stela Borges de Almeida disse...

Professor Bira Gordo,
Tenho acompanhado suas falas em espaços públicos. Lí seu livro Negro e presenteei a um amigo que mora longe. Enviarei suas notas de Perplexidade para o facebook. É muito pouco o que posso fazer, mas quero dizer que concordo com você, não compactuamos com a violência, o desrespeito à vida, à insegurança nas escolas, todo e qualquer ato de ameaça aos brasileirinhos que ainda não tiveram a chance que temos ao escrever essas notas.
http://www.stelalmeida.blogspot.com

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